04 julho 2025

Cinismo, charme e um maço de ironias no filme "Obrigado por fumar"

 

Lançado em 2005, Obrigado por Fumar é aquele tipo de filme que acende a crítica social com um isqueiro cheio de sarcasmo. Dirigido por Jason Reitman (de Juno e Amor sem Escalas), a comédia satírica gira em torno de Nick Naylor, um lobista carismático que defende os interesses da indústria do tabaco — e faz isso com um sorriso no rosto e uma habilidade retórica de dar inveja a qualquer político em campanha.

Interpretado por Aaron Eckhart, Nick é o porta-voz da Academia de Estudos sobre o Tabaco, uma entidade que basicamente serve para tornar o fumo mais palatável ao público — mesmo com todas as evidências de que ele mata. E o mais impressionante? Ele consegue.

📖 O roteiro, adaptado do livro de Christopher Buckley, é afiado como uma navalha e coloca Nick em situações absurdas, onde ele precisa justificar o injustificável. Ao lado de outros representantes do "trio da morte" — o álcool e as armas —, ele participa de encontros semanais com os chamados “Mercadores da Morte”, trocando piadas ácidas sobre quem representa o setor mais letal. Um clube do cinismo que, apesar de fictício, soa perigosamente real.

Mas o filme vai além da indústria do cigarro. Obrigado por Fumar é uma crítica afiada à manipulação da informação, ao poder da oratória e ao modo como a sociedade consome discursos prontos — seja sobre saúde pública ou sobre liberdade individual. Em tempos de fake news e polarização, o longa ganha até um ar profético.

E, claro, tem um fio emocional: Nick é pai solo e tenta equilibrar sua missão de convencer o mundo de que fumar não é tão ruim assim com a criação do filho, Joey. Esse contraste entre o “profissional da enrolação” e o pai que precisa ser exemplo adiciona humanidade a um personagem que poderia facilmente ser só um vilão cínico.

Com participações hilárias de J.K. Simmons, Katie Holmes, Robert Duvall e um William H. Macy brilhando como um senador antitabagista, o filme se sustenta num ritmo leve, divertido e desconcertante.

No fim das contas...

🍿 Obrigado por Fumar é uma aula — não de ética, mas de retórica. Um lembrete de que, num mundo guiado por narrativas, quem domina o discurso pode defender qualquer coisa. Até mesmo um cigarro aceso.

Se você curte filmes inteligentes, provocativos e com aquela pitada de sarcasmo bem temperado, este é um prato cheio. E o melhor: sem necessidade de acender nada.

Publicação do Creative News.

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